Zé Ramalho (José Ramalho Neto, nascido em 03 de outubro de 1949, em Brejo do Cruz – Paraíba, Brasil) é um cantor e compositor brasileiro. Zé Ramalho cantou e tocou com vários grandes músicos brasileiros ao longo de sua carreira.
Como muitos jovens músicos, ele foi primeiramente influenciado pelo rock’n’roll. Ele conta que sua vida mudou quando escutou pela primeira vez “I wanna hold your hand” dos Beatles; após os 20 anos, sua música sofreu influência dos cantadores e violeiros do sertão, e da temática social derivada das dificuldades vividas pelos brasileiros.
Zé Ramalho é filho de Estelita Torres Ramalho, uma professora de escola primária do Brejo do Cruz e de Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, um seresteiro. Seus pais se separaram logo após o nascimento da irmã Goretti, um ano mais nova que o primogênito José. Quando contava apenas 3 anos de idade, em fevereiro de 1953, seu pai – com apenas 26 anos, faleceu vítima de afogamento num açude na cidade de Teixeira. Após esse infortúnio, os avós paternos o criaram, enquanto que a irmã permaneceu com a mãe, d. Estelita, em Recife.
Seu amor pelo avô foi retratado anos depois na canção “Avôhai”. Esta palavra, criada por Zé Ramalho, significa “avô e pai”. Após morarem por alguns anos em Campina Grande, sua família mudou-se para a capital, João Pessoa, onde Zé passou sua adolescência e o início da vida adulta, até os 25 anos. A família tinha expectativa de que ele se tornasse médico. Ele passou no vestibular de Medicina da UFPB, mas abandonou o curso no segundo ano, pois a música já falava mais alto dentro de seu coração e ouvidos.
Em João Pessoa, Zé participou de alguns grupos musicais influenciados pela Jovem Guarda. Seus ídolos eram Renato Barros (do grupo Renato e Seus Blue Caps), Leno & Lílian, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys, The Rolling Stones, Pink Floyd, The Beatles e Bob Dylan. A esta influência se misturou a literatura de cordel, o que gerou sua escrita absolutamente original e única.
Em João Pessoa, Zé participou de alguns grupos musicais influenciados pela Jovem Guarda. Seus ídolos eram Renato Barros (do grupo Renato e Seus Blue Caps), Leno & Lílian, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys, The Rolling Stones, Pink Floyd, The Beatles e Bob Dylan. A esta influência se misturou a literatura de cordel, o que gerou sua escrita absolutamente original e única.
Em 1971 Zé casou-se com Isis Galvão em João Pessoa, com quem teve o primeiro filho, Christian Ramalho, em 1974.
Ainda neste ano, ele participou da trilha sonora do filme “Nordeste: Cordel, Repente e Canção”, da cineasta Tânia Quaresma. A partir dessa experiência ele encontrou o caminho da mistura entre os elementos nordestinos e roqueiros, que influenciaram toda sua carreira: do rock’n’roll ao forró. Em 1976 ele se mudou para o Rio de Janeiro, no intuito de ampliar suas possibilidades na carreira musical.
Durante quase 2 anos ele “desbravou” a Cidade Maravilhosa, em busca de oportunidades para mostrar seu trabalho e gravar o tão sonhado primeiro LP. Passou muitas dificuldades por falta de recursos para moradia e alimentação. Foi um longo tempo de provação, mas em 1977, finalmente ele gravou seu primeiro álbum, auto-intitulado “Zé Ramalho”, mas conhecido como “Avôhai”, seu primeiro grande sucesso. A música “Vila do Sossego” e a obra prima “Chão de Giz” estão presentes. O Brasil inteiro passou a ouvir Zé Ramalho!
Um ano depois, seu segundo filho, Antônio Wilson, nasceu, porém seu casamento já era desfeito e ele iniciara uma relação com a cantora cearense Amelinha, com quem teve o terceiro filho, João, em 1979. Neste ano, ele lançou seu segundo álbum, “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”, com mais sucesso ainda que o primeiro, trazendo a composição mais política da MPB (no entender de alguns críticos) “Admirável Gado Novo”, além de sucessos como “Beira-Mar”, “Garoto de Aluguel”, “Jardim das Acácias” e “Frevo Mulher”. Era um tempo de enormes plateias, execuções maciças nas rádios, apresentações nos programas de TV e boas vendas de discos. Em 1980 ele se mudou do Rio de Janeiro para Fortaleza, onde escreveu e publicou o livro de poesias “Carne de Pescoço”, do qual saíram várias parcerias ao longo de 40 anos.
Em 1981, em Fortaleza, nasceu sua primeira filha, Maria Maria. Na mesma época lançou o terceiro álbum, “A Terceira Lâmina” e no ano seguinte, 1982, lançou o disco “Força Verde”. A temática mística e metafórica, como a mitologia grega, surgia cada vez mais presente na sua obra. Em 1983, lançou “Orquídea Negra”, com música-título da autoria de Jorge Mautner. No final daquele ano separou-se de Amelinha, voltando a morar no Rio de Janeiro.
Roberta e Zé Ramalho se conheceram em Fortaleza, no seu show “Frevo Mulher”, em abril de 1980. Ela tinha 15 anos e guardou um autógrafo do ídolo. Exatos quatro anos depois, em abril de 1984, os dois se reencontraram no Rio de Janeiro, para começar uma nova vida juntos. Foi nessa ocasião que o casal recebeu Raul Seixas, numa visita memorável que durou 3 dias.
Vencidas as dificuldades de adaptação inicial e os problemas dos anos 80, construíram uma longa vida em comum, se casaram no Rio de Janeiro onde tiveram 2 filhos, José (designer) e Linda (cantora) e estão juntos até hoje. Roberta Ramalho é advogada formada pela Puc-rio e sócia da Avôhai Music, selo e editora musical que administra a carreira e a obra de Zé Ramalho.
Os meados dos anos 80 trouxeram um pequeno decréscimo nas suas vendas de discos e na popularidade, com os álbuns “Pra não dizer que não falei de rock ou por aquelas que foram bem amadas” (1984), “De gosto, de água e de amigos” (1985), “Opus Visionário” (1986) e “Décimas de um cantador” (1987). Apesar disso, em 1985 ele atingiu um grande sucesso com a música “Mistérios da meia-noite” popularizada pela trilha sonora da novela “Roque Santeiro” (Rede Globo).
Em 1990 e 1991 Zé fez shows nos Estados Unidos, para plateias brasileiras, por ocasião do evento de Halloween, impulsionados pelo sucesso de “Mistérios da meia-noite”. Infelizmente, em maio de 1991 sua única irmã, Goretti, morreu de um agressivo câncer ovariano. Mesmo em meio à tristeza, ele gravou seu décimo álbum pela Sony Music, “Brasil Nordeste” (1991) e novamente retornou ao sucesso com a interpretação da música “Entre a Serpente e a Estrela” (1992) – versão do poeta Aldir Blanc, para a trilha sonora da novela “Pedra Sobre Pedra” (Rede Globo).
Em 1992 nasceu seu quinto filho, José, o primeiro com sua amada Roberta. Neste ano também foi lançado o décimo-primeiro álbum, “Frevoador”. A música-título é uma versão de Zé Ramalho para “Hurricane” de Bob Dylan. Em 1995 nasceu sua segunda filha com Roberta, batizada de Linda. A partir daí os bons ventos voltaram a soprar e o sucesso nunca mais deixou de contemplá-lo.
Em 1996 Zé gravou seu décimo-segundo álbum, “Cidades e Lendas”, e para celebrar seus 20 anos de carreira, lançou o álbum duplo “20 anos – Antologia Acústica” (1997), que se tornou fenômeno de vendas até hoje (2021), na era do streaming e digitais. A canção “Chão de Giz”, gravada de modo acústico, apenas com Zé Ramalho e Frejat, alcança hoje por volta de 60 milhões de streamings no Spotify. Naquele ano, o lançamento vendeu mais de 1,5 milhão de cópias, o que foi considerado um recorde e coroou uma carreira de sucessos, consolidando a sua credibilidade perante os fãs, a mídia e os que escrevem sobre música. Com esse álbum, ele iniciou uma parceria de trabalho com o guitarrista Robertinho de Recife, então atuante produtor musical. Ainda em comemoração aos 20 anos, a Sony Music lançou o luxuoso box “Zé Ramalho – 20 anos de carreira”, com uma compilação de sucessos, participações com outros cantores e raridades. Fechando as celebrações daquele ano, a escritora Luciane Alves publicou o livro “Zé Ramalho – um visionário do século XX”.
Antes do final do milênio, a canção “Admirável Gado Novo” (lançado no segundo álbum em 1979) foi escolhida para representar os “sem-terra” na trilha sonora da novela “O Rei do Gado”, a de maior sucesso em toda a história da TV brasileira, quebrando todos os recordes de vendas, com mais de 3 milhões de unidades. Em 1998 Zé lançou seu décimo-quarto álbum, “Eu sou todos nós” e em 2000, fechando o milênio, lançou o CD duplo “Nação Nordestina” com 20 sucessos da sua região natal. Este trabalho representou uma ode à música e à cultura da região Nordeste, sendo indicada para o prêmio Grammy Latino por Melhor Álbum de Música Regional.
O primeiro lançamento de Zé Ramalho no século XXI, abrindo o terceiro milênio, foi “Zé Ramalho canta Raul Seixas” com interpretações próprias, no estilo ramalheano, das músicas de autoria do aclamado Raul Seixas. Em 2002 a Som Livre lançou a compilação “Perfil”, com grande sucesso de vendas. Neste mesmo ano, Zé gravou e lançou seu décimo-oitavo álbum, “O Gosto da Criação”, com músicas inéditas.
“Estação Brasil” foi lançado em 2003, trazendo 20 sucessos com suas influências brasileiras. Em 2005 ele participou da gravação da canção “Sinônimos” com a dupla Chitãozinho & Xororó, no álbum deles “Aqui o sistema é bruto”. A música alcançou um sucesso absurdo! No mesmo ano ele lançou seu primeiro álbum ao vivo (CD e DVD) intitulado “Zé Ramalho ao vivo”, onde regravou a canção “Sinônimos”, cuja versão é recorde com mais de 400 milhões de views no canal oficial da Vevo, no Youtube.
Em 2007 ele gravou “Parceria dos Viajantes” com convidados no CD e no DVD, que foi indicado ao Grammy Latino na categoria “melhor álbum de canção popular”. Em 2008 Zé lançou, pelo selo “Discobertas” um álbum ao vivo, gravado em 1976, chamado “Zé Ramalho da Paraíba”, seguido pela homenagem ao cantor Bob Dylan, “Zé Ramalho canta Bob Dylan – tá tudo mudando”, lançamento da EMI-Odeon. Este álbum também recebeu indicação ao Grammy latino, desta vez na categoria ‘Melhor Álbum de Pop Rock”, mostrando a riqueza de sua música original e sem fronteiras.
Em 2009 o álbum “Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga” foi lançado, homenageando o famoso músico, cantor e compositor brasileiro, conhecido e reverenciado por todos como o ‘Rei do Baião’. Em 2010 e 2011 respectivamente, ele lançou mais 2 álbuns-tributos, mostrando ao público sua versatilidade como grande intérprete da música brasileira, além de genial compositor: são os álbuns “Zé Ramalho canta Jackson do Pandeiro” e “Zé Ramalho canta Beatles”, um tributo ao famoso quarteto que tanto o influenciou no início de tudo.
Em 2010 a Sony Music lançou o luxuoso box chamado “Zé Ramalho – a caixa de Pandora”, contendo 4 CDs e 1 DVD. Nos CDs há raridades não autorizadas anteriormente, como “Amigo” de autoria de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, tendo como convidado o amigo e parceiro Fagner.
Em 2012 Zé Ramalho, juntamente com a esposa Roberta Ramalho, inaugurou seu próprio selo, Avôhai Music, com o álbum de canções inéditas “Sinais dos Tempos”. Em setembro de 2013, ele cantou no Rock in Rio, com o grupo de heavy metal Sepultura. Logo no início da apresentação, a simbiose entre sua música e o metal foi tão visível, que o público gritava sem cessar: “Zépultura! Zépultura!” e assim esse show ficou conhecido. Foi um sucesso absoluto com quebra de recordes de público, fechando a temporada do festival naquele ano.
Em 2014 Zé gravou um CD e DVD ao vivo com o parceiro Fagner, cantando os sucessos dos dois, lançamento da Sony Music, intitulado “Fagner & Zé Ramalho”.
Em 2016 Zé lançou o box “Zé Ramalho voz e violão – 40 anos de música”, pela associação dos selos Avôhai Music/Discobertas, em comemoração aos 40 anos de carreira. Em 2017, foi lançado o box “Zé Ramalho Anos 70” (Avôhai Music/Discobertas).
Continuando as celebrações, em 2018 Zé lançou um remake do seu primeiro álbum “Zé Ramalho”, intitulado “Avôhai 40 anos – remake pop rock”. Cada faixa foi gravada por um artista diferente, contando com as participações de 3 dos seus 6 filhos: Linda Ramalho (filha nascida em 1995) cantou “Voa Voa”. Seu filho João Ramalho (filho nascido em 1979) cantou e tocou na faixa “A noite Preta” e Antônio Ramalho (filho nascido em 1978) tocou violão base em “Adeus segunda-feira cinzenta”, com sua banda Prima Facie.
Em 2019 foi lançado “A Peleja 40 anos – remake pop rock”, novamente com convidados. Linda Ramalho cantou “Pelo Vinho e Pelo Pão” com Rob Endraus, filho do produtor Robertinho de Recife e afilhado de Zé Ramalho e Roberta. João Ramalho cantou e tocou em “Beira-Mar” e Antônio Ramalho tocou violão base em “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”, com a banda Prima Facie.
Neste mesmo ano, Zé lançou “Zé Ramalho Cine Show Madureira”, um álbum ao vivo, gravado 40 anos antes, em 1979. “Zé Ramalho na Paraíba”, CD e DVD ao vivo, foi lançado também em 2019. Este trabalho foi gravado no Teatro Pedra do Reino em João Pessoa-PB.
Em 2021, durante a pandemia da Covid-19, ele lançou mais um box pela parceria Avôhai Music/Discobertas, intitulado “Garimpo das Raridades”, trazendo uma compilação de raridades nunca antes gravadas e participações com muitos amigos ao longo da carreira.
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